sexta-feira, 14 de março de 2014

... Female Pride ...



Comecei a escrever esse texto, ou pelo menos a primeira versão dele, tem mais ou menos uma semana, claro, motivada obviamente pelo dia 08 de Março, conhecido como o Dia Internacional da Mulher. Pois bem, hoje já é dia 14, o que evidencia que acabei atrasando a publicação do texto. Não por falta de inspiração, bloqueio criativo ou falta de assunto, mas sim, porque quando o li pela terceira vez, depois de supostamente pronto, senti que o teor do texto anterior estava fraco para a importância que o tema carrega consigo.

Fato é meninas, que todas nós acabamos por ganhar algum presente no dia 08, ano após ano, de forma até que religiosa diga-se de passagem. Algumas de nós ganham rosas, outras bombons, lembrancinhas compradas pelas empresas que trabalhamos, ou no mais simples e comum dos casos inúmeras felicitações pela tal data. Pois bem, ignorando o fato de existir um consumismo desenfreado que torna todas as datas do nosso calendário cada vez mais comerciais e menos significativas de fato, fico pensando: será que esse significado também perdeu-se para o comércio? Será que as pessoas conseguem ter a dimensão do que efetivamente representa esta data? Esta luta? Afinal, merecemos sim parabéns por sermos mulheres, colorimos a vida! Mas fico realmente sem entender o que é que tanto se comemora neste dia, tendo em vista em que acontecimento a data se baseia.

Pode parecer loucura para alguns, mas estranhamente não vejo muito o que se comemorar no fato de que lá em 1857 operárias de uma fábrica de tecidos de Nova Iorque, começaram a reivindicar melhores condições de trabalho, tais como, redução na carga diária de trabalho de dezesseis para dez horas, equiparação de salários com os homens (afinal ganhavam um terço do salário pago aos homens, para desempenharem as mesmas funções), e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho. Quando não mais do que de repente, tiveram sua legítima manifestação desumanamente reprimida, foram trancadas dentro da fábrica, e simplesmente incendiadas. Cento e trinta tecelãs morreram carbonizadas, num ato de completa e total falta de humanidade e excesso de crueldade. Ah, e mesmo assim, a tal da ONU levou apenas 118 anos para reconhecer oficialmente o tal do 08 de março como um marco que merecia ter nome e significado na história mundial. 



Aquelas mulheres de 1857 não lutaram e tampouco morreram apenas por aumento de salário ou redução da jornada de trabalho, mas sim por um ideal, por uma ideia. E uma ideia paranóicos, é uma arma extremamente poderosa. Resiste ao tempo, a chuva, a seca, ao calor, ao frio, as pessoas, e até mesmo a ignorância da sociedade. Apesar de o feminismo ter surgido em 1848, seu discurso ganhou força e tomou uma proporção muito maior depois da tragédia que aconteria 09 anos depois naquela fábrica, transmitindo ao mundo a mensagem de que uma ideia, de fato, não pode ser morta por balas, nem pelo fogo, como foi o caso daquelas tecelãs.

Nós, enquanto mulheres, sempre fomos taxadas, catalogadas e rotuladas de acordo com os desejos, caprichos e achismos masculinos. Temos que exercer o título de sexo frágil, ter corpos perfeitos, cabelos lisos, saltos altos, maquiagem, dotes culinários, ser prendada, boa moça, menina "de família". Crescemos ouvindo nossas mães e pais nos mandarem sentar com as pernas fechadas, que é feio falar palavrão, e que menina brinca de boneca, não joga bola, não anda de carrinho de rolemã, não dá risada alto, não fala alto. Desde que nascemos somos amplamente afetadas pelo machismo reinante em nossa sociedade. Machismo esse que existiu desde que o mundo é mundo. Desde que inventaram que o tal do Deus pertence ao gênero masculino, e que a mulher veio da costela de um homem.


Apesar de todos esses anos de luta,  e combate ao machismo, obviamente nossa sociedade ainda precisa evoluir, e muito. Afinal, ainda hoje nos deparamos com uma realidade onde as mulheres continuam ganhando menos que os homens, sofrendo preconceito apenas por ser mulher, perseguições de gênero, obrigadas a aturar comentários machistas, e violência gratuita. Continuamos vivendo em uma sociedade que culpabiliza a vítima de um estupro, pelo simples fato de se estar usando uma minissaia ou uma blusa decotada demais para supostos padrões morais. Uma sociedade onde homens não consideram como ato ofensivo fazer piada alegando que mulheres não sabem dirigir, ou que lugar de mulher é na cozinha; surpreender-se com o fato de uma mulher ser inteligente e bem sucedida; passar cantadas grosseiras e invasivas sendo completos desconhecidos; desprezar opiniões femininas em seus "assuntos de macho" como futebol, lutas, e etc, não por serem opiniões ruins, mas apenas por virem de uma mulher. Homens, que se acham no direito de xingar uma mulher de piranha, vadia, puta e derivados apenas porque ela não quis lhe dar um beijo na balada, ou porque ela quis sair de casa com um vestido mais curto e o "macho alfa" achou-se com razão de falar como e o que queria, afinal de contas ela é só uma coisa, não é?!

Por mais que ainda hoje esse discurso continue tão presente e massacrante em nosso dia-a-dia, embutido em nossa criação, e sendo disseminado muitas vezes pela boca, e incutido nas mentes das próprias oprimidas por ele, nunca paramos de lutar pelo nosso espaço, pelo nosso lugar ao sol. Nós, feministas, resistimos, lutamos e apesar de tudo, muito conquistamos! Hoje, votamos, estudamos, trabalhamos, somos parte das comissões olímpicas e esportivas, ocupamos posições e profissões que anteriormente eram restritas aos homens, temos a primeira presidenta de nossa história, andamos de calça, tênis e camiseta. Bebemos, fumamos, falamos palavrão, torcemos para um time de futebol, xingamos o juiz!


Pois bem, evoluimos e melhoramos muito o cenário feminino socialmente. Contudo, ainda falta muito para atingirmos nossos objetivos plenamente. Desde lá de trás o feminismo surgiu com uma proposta muito clara. "Descoisificar" a mulher. Partindo contra todo o fashionismo e longe de querer ser o inverso do machismo, carregamos como meta a obtenção de direitos equânimes. Uma vivência humana através do empoderamento feminino em relação a si própria, seu corpo, sua vida, sua posição e papel social e principalmente a libertação de padrões opressores baseados em normas de gênero. Para tanto, precisamos fugir da armadilha contemporânea criada pela grande mídia, que tenta nos vender a ideia de que vivemos em uma sociedade perfeita, sem preconceitos, sem machismo, sem racismo, sem homofobia, sem necessidade de luta.

O feminismo se modificou ao longo dos anos, mas orgulho-me de dizer que jamais perdemos nossa essência. Jamais abaixamos nossa bandeira e nunca estenderemos um pano branco frente a violência imposta pelas classes opressoras. Somos mulheres, somos fortes, nós podemos e vamos viver a plenitude do "ser". Portanto, sim senhores machistas, gostando e querendo vocês ou não, continuaremos gritando a plenos pulmões a nossa liberdade e, podem acreditar queridos, chegaremos lá! Demore o tempo que demorar, custe o que nos custar.


P.S.: Homens, entendam, não importa que roupa eu use, ou deixe de usar, o não é sempre não! Afinal, sou minha, só minha, e não de quem quiser. 

Ah, e sinto muito informar para vocês, mas nós não nascemos de costelas, vocês é que vêm dos nossos úteros ;)

quinta-feira, 6 de março de 2014

... Ansiedade Velada ...



Após mais um dia de espera, ao anoitecer sentei-me na beirada da cama e me pus a pensar. A inspiração me escapou, a urgência me ocorreu, e me deparei com um turbilhão de coisas acontecendo simultaneamente em minha mente. É incrível como as pequenas coisas, palavras e momentos parecem tomar uma proporção muito maior do que o normal em situações como esta. Os que me conhecem, sabem que estou prestes a fazer uma nova cirurgia no joelho e desta vez o sorteado foi o esquerdo. O pesadelo vivido com o direito volta a bater a minha porta, e sinceramente, estou um pouco cansada de fingir que está tudo bem para mim. 

Minhas emoções parecem estar cada dia mais a flor da pele, e manter o pensamento positivo, a calma e o auto-controle sobre elas vem sendo uma tarefa bem complicada nos últimos dias. Pode parecer exagerado, mas ando me sentindo assim mesmo, exagerada. Tem uma coisa presa na minha garganta, tem um sentimento escondido no meu coração, tem uma angústia crescente e pulsante, uma sensação de desamparo, de solidão, uma dor não física, uma falta de colo, de ombro, de abraço, de beijo, de eu te amo.

Carente? Sim, eu estou carente. Toda essa restrição e cuidado necessário por conta do joelho, me trazem um engessamento complicado de assimilar. Implica na desistência de uma série de eventos esperados, na impossibilidade de simplesmente ir e vir livremente. Implica em uma dependência  chata e desagradável demais para quem está tão acostumada a ir atrás, conquistar e resolver tudo sozinha. Ter ordens médicas para não pegar um simples ônibus, a fim de não correr riscos "desnecessários" é algo que te coloca em uma prisão sem grades. E isso sim é ser literal, ao pé da letra, e sem nenhum exagero.


Apesar de tudo, gostaria de agradecer imensamente aos meus amigos, aqueles que por pura questão da minha companhia aparecem para me resgatar por algumas horas dessa clausura toda. Se é que há de fato um ponto positivo em tudo que nos acontece nessa vida, nesse momento o meu seria esse. Descobrir que tenho ao meu lado pessoas que passam por cima de muita coisa para estarem aqui, estarem presentes, e principalmente por me fazerem sorrir, não apenas com os lábios, mas também com a alma. São poucos. Conto vocês apenas nos dedos da mão, mas a qualidade de vocês supera qualquer quantidade exagerada. Por isso, o meu muito obrigada a todos que fazem parte desse time. Sei que não preciso escrever seus nomes aqui, pois os destinatários deste parágrafo irão se reconhecer ao lerem, sem dúvida. Amo vocês!

No mais, se eu pudesse ter direito a um pedido especial, gostaria apenas de ter a sua mão para segurar a noite. O seu abraço, seu beijo, e principalmente o seu "vai dar tudo certo". Não é fácil, mas não é fácil mesmo não pensar em você, não te contar meus planos, não te encontrar. Minhas noites andam sem luar, e confesso, acordei achando tudo indiferente nos últimos tempos. Queria muito que você soubesse, e tivesse certeza do quanto sua ausência me arde no peito e na alma. Sinto sua falta de uma maneira irremediável e insustentável.

Bom, hoje o texto é curto, sem filosofias, despolitizado e acho que até desorganizado. Afinal, ando meio desorganizada também. Enfim, hoje é apenas um desabafo! Mas, mesmo assim, muito obrigada pela atenção de vocês paranóicos.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

... Return ...



Oi Paranoicos de Plantão. Tudo bem? Quanto tempo, não?! Pois é! Fui obrigada a me abster do papel e da caneta, bem como das teclinhas do computador por um tempo, devido a problemas pessoais e da rotina do tal “último ano de faculdade”. Sempre achei que fosse um pouco exagerada e supervalorizada a reclamação dos quinto anistas da minha queridinha Psicologia, mas foi só chegar lá para sentir na pele a loucura generalizada que é tudo isso! Enfim, depois de assumir que quebrei a cara nessa de me achar a “Super Psiquê Girl”, e me igualar a todos os reclamões quase formados, vamos ao que interessa? Estou formada, e agora finalmente Psicóloga, rs. Mas, essa não é a parte que mais nos interessa por aqui não, afinal, minha louca rotina terminou exatamente um ano atrás. Pois bem queridos, alguns pediram, e meu próprio self já não aguentava mais passar por todos esses dias, meses, momentos, sentimentos, alegrias, angústias e aflições cotidianas, sem despejá-las aqui na telinha. Logo, é isso mesmo amores, decreto, que a partir de hoje, meu amado “Paranóia Delirante” está voltando a ativa, e sem dúvida nenhuma, vem com força total!

Pois bem, essa coisa toda de ressuscitar o blog e essa onda de "ano novo, vida nova" que sempre nos deparamos no fim/início de cada ano, me fez pensar um pouco sobre a questão dos ciclos que envolvem nosso dia a dia e os momentos de nossa vida como um todo. Desde os mais viciosos e infelizmente necessários para a sobrevivência - principalmente em nossa sociedade capitalista - até os mais projetivos, íntimos e explanatórios possíveis. É engraçado perceber que quando paramos para pensar em tudo isso, acabamos por nos dar conta de uma realidade que contraditoriamente sempre esteve latente, maquiada, ao mesmo tempo em que estava presente e manifesta, bem na nossa cara. Nosso funcionamento e obrigatoriedade de ajustamento social está tão entranhado em nossa história, que funcionamos de maneira mecânica, programada, com o grande detalhe de continuarmos achando que tomamos decisões livres e concebidas por nós mesmos.


Pensem bem Paranoicos, desde que nascemos assumimos e passamos por diversos ciclos impostos e organizados socialmente. Apesar de obrigatórios, eles tem lá o seu charme, são atrativos. Prometem nos deixar inteligentes, maduros, cultos, independentes, autônomos e autores de nossa própria história, quando na verdade geram apenas imensos espirais de alienação e compensação projetiva satisfatória de nossos pais, avós, bisavós, e etc... No início nosso mundo limita-se ao círculo social e cultural em que nascemos: pais, irmãos, tios, primos, avós, familiares em geral e suas crenças, concepções e verdades. Depois esse ciclo se encerra, e inicia-se um novo onde somos inseridos em um mundo mais amplo, menos particular e que exige habilidades das quais você ainda não dá conta. Você sente o seu porto seguro e toda a sua segurança pessoal escorrerem por entre seus dedos, quando seus pais viram as costas rumo ao trabalho, e te deixam chorando no ombro da "tia" do prézinho. De repente, quando você enfim toma pé da situação, se adapta e se reinventa para satisfazer aquele contexto, já está sendo tirado de lá e iniciando uma nova fase. Essa sim, a mais temida e traumática de todos nós. O colégio. Depois deste momento - caso você consiga sobreviver, é claro - terá então uma nova e cruel questão para responder ao mundo dos tais adultos: o que você quer ser quando crescer? 

Aos trancos e barrancos ou não, somos todos obrigados a passar por estas fases, isto é, se quisermos nos tornar o bendito do "alguém na vida". Durante este percurso, por praxe sócio-cultural, temos a obrigação explícita de rotular, classificar, enquadrar e delimitar tudo e todos que vemos pela frente, tratando a pluralidade e liberdade individual como fator nulo, ou pior, proibido para a convivência saudável em bando. Sem dúvida, não preciso mencionar aqui quantas vítimas esse tal "código de barras social" gera, e menos ainda apontar que daí emergem todo o tipo de qualitativação pejorativa, preconceito e pré-conceito existente. Logo, apesar de contraditório, é exatamente por essa nossa ânsia de corresponder as expectativas do grupo, que acabamos por enfraquecer os laços propostos por ele mesmo.


Apesar dos pesares, e independente de tudo isso, o mais difícil será sempre buscar a resposta para esta perguntinha chata e insistente. Afinal, somos plurais. Assumimos e exercemos vários papéis sociais diferentes de acordo com cada situação, ambiente, e responsabilidade que adquirimos em nossa caminhada. Portanto, buscar uma definição crua e simples chega perto da tentiva de nos "coisificar", nos reduzir a algo, perdendo a oportunidade de enxergar e viver a beleza da complexidade que nos torna humanos.

Hoje, me olho no espelho e acredito que a pergunta tenha que mudar, pois, não sei dizer o que quero ser quando eu crescer,  e menos ainda adivinhar em que momento serei atingida por esse tal "crescer", mas posso dizer, sem medo de errar, que sei quem quero ser, como desejo viver e onde quero estar. Talvez a resposta mais honesta para esta pergunta, não seja qual profissão você deseja seguir, qual carreira familiar precise manter, mas, talvez a resposta esteja aqui, embutida nas coisas simples da vida. Talvez esteja em um olhar, na brisa do fim da tarde na varanda, em um amor que te inspire. Temos a oportunidade de nos tornarmos melhores a cada dia, a cada erro, e também a cada acerto. Essa é a beleza da vida, a beleza de se estar vivo! E se lhes serve de resposta, eu sei que quero ser essa pessoa. Sei que quero ver e viver a beleza do simples. Sei que quero estar na varanda, no fim da tarde, sentindo a brisa do tempo me dizer que valeu a pena!!!

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

... Palavras, apenas? ...



Por diversas vezes talvez não notemos, ou na verdade, acabamos por não dar a devida importância para o peso que as palavras possuem. Como diria aquele velho ditado Chinês que com certeza, todos nós já ouvimos na vida: "Há apenas três coisas que nesta vida, não voltam atrás. A pedra atirada, a flecha lançada e a palavra proferida".

As palavras são permanentes e, na realidade, possuem um poder atemporal. Sobrevivem ao tempo, ao espaço, ao frio, a chuva, ao calor, ao sol, aos dias, as semanas, aos meses e aos anos. Possuem em cada uma de suas letras, verdades, mentiras, desculpas, acusações, sentimentos, sarcasmo, ironia, piadas, tragédias, informações, ilusões fabricadas, falsidade, dentre muitas outras coisas. Quantos de nós, quantas vezes já não pensamos que teria sido melhor, ou menos dolorido se levássemos um tapa na cara, do que ouvirmos um "não" de algumas pessoas, ou um "não te quero", "eu desisto", "não vale a pena pra mim". Em quantos momentos um xingamento, uma ofensa, uma discussão, seriam consideravelmente menos dilacerantes e traumáticos se tivessem resumido-se apenas a tapas e chutes?! Em contrapartida, não há dinheiro ou qualquer tipo de compensação que possa pagar a alegria e realização de receber um "sim" de quem se ama, ouvir e dizer "eu te amo" quando o sentimento é verdadeiro e mútuo, gentilezas, elogios, carinho, afeto...


Contudo, apesar de todos os pesares deste poder que carregam, jamais podemos nos esquecer que as mesmas palavras que compõem as mais cruéis tragédias, são também as que escrevem a poesia da vida. Possuem a força para nos erguer a alturas que nem ao menos pensávamos que pudessem existir, como também para nos fazer despencar a abismos que jamais sonhamos. Porém, toda e qualquer palavra necessita de algum tipo de linguagem para que seja expressa e atinja assim, seus objetivos e fins pré-destinados e estipulados por intermédio de seu interlocutor, que por sua vez, assume e carrega sempre consigo essa sina, essa responsabilidade de significação da escrita, da fala, do gesto, do toque, e muitas vezes, até mesmo do silêncio proferido.


Interpretações, nuances, tons, intensidade, verdade, mentira, razão, lógica, coerência, fantasia, irracionalidade, loucura, insensatez. Tudo isso esta em minhas mãos agora, aliás, para ser mais exata, uma infinidade de possibilidades existem agora, guiadas pela ponta dos meus dedos enquanto tocam as letras deste teclado, formando as palavras, frases e esse texto como um todo. O poder contido na linguagem não olha para cor, credo ou classe social. Não preocupa-se com níveis intelectuais, culturais, tampouco com o quão rebuscado é ou não cada vocabulário. Ele disponibiliza-se, oferece-se e pertence a todos aqueles que se aventuram a utilizar-se dele para fins ideais, ou não. Aos politicamente corretos, e aos mais desprovidos de moralismo. Aos polidos e aos desbocados.

Sendo assim, livre de preconceitos, as palavras desconhecem limites ou barreiras, ultrapassando em sua maior parte os limites físicos do ser, e adentrando em nossas almas, mentes e corações. Toda essa liberdade transitória que possui, acaba por trazer consigo a capacidade de tornar-se muito mais do que tinta de caneta em um papel, ou meros discursos ao vento. Mas, a capacidade de expressão, o sentimento por trás da tinta, o pensamento por trás de mentes confusas, as ideologias subliminares ou explícitas, o medo ou a coragem de abrir a boca e dizer o que se esconde lá dentro, lá onde ninguém acessa, muitas vezes nem nós mesmos.

É nesse momento, quando nem nossos travesseiros são ouvintes suficientemente bons para algumas verdades que queremos esquecer, ou algumas mentiras em que gostaríamos de acreditar, que um papel e uma caneta empossam-se de toda essa soberania e potência linguística, tornando-se o campo neutro de nossa alma; aqui, tudo passa a ser livre, permitido e de bom tom. Nada é demais, tampouco de menos. Não há necessidade da taxativa conceitual qualitativa das coisas, não se faz presente o bom ou ruim, certo ou errado, bonito ou feio.

Esse desprendimento habitante às palavras, hoje torna-se essencial e profundamente necessário para mim. Não consigo mais me conceber existindo e não escrevendo, pensando, criticando, filosofando, teorizando, me expressando, sendo isso interessante ou não para o resto do mundo. Acredito que me sinto como em certa vez, quando perguntaram a uma das principais influenciadoras tanto da minha escrita, quanto do meu gosto acentuado pela leitura, o porque ela escrevia, e então Clarice Lispector respondeu: Porque você bebe água?

sábado, 22 de outubro de 2011

... Estar Só ...



Estar só, não é apenas isolar-se de outras pessoas. Não é apenas não ter companhia para ir aquela festa, ou para comer pizza em uma noite de sábado chuvoso. Estar só é mais do que isso, é sentir-se invisível e ao mesmo tempo exposto, é sentir-se despido de tudo, nu, cru. Estar só vai muito além de uma condição quantitativa e até mesmo qualitativa. É consideravelmente indefinido por vocabulário, pois, a real compreensão de sua dimensão não envolve intelecto, tampouco expertise. Não envolve técnica ou teoria, apenas sentimento, poucas cores e fracos sabores. É, portanto, um estado de espírito que como diria Clarice Lispector, de fato, não se entende via inteligência, mas pela sensibilidade. Ou toca, ou não toca.

Olhar para o lado e ver que não tem ninguém caminhando de mãos dadas conosco, é uma realidade consideravelmente dura, e um tanto quanto cruel. Porém, o que é, de fato, a solidão, se não o espelho de nossa própria alma? Um encontro com nosso "eu" intimamente secreto, aquele que esconde alguns segredos até de si mesmo. Pois bem, a solidão, por si só, é existencialmente uma condição inerente à humanidade, afinal, podemos fazer parte de vários grupos, e exercer os mais diversos papéis sociais, como por exemplo, o de mãe, pai, irmão, irmã, filha, filho, marido, esposa, professor, médico, advogado, dentre outros, porém, nunca deixaremos de existir como seres únicos, individuais e sozinhos.

Apropriar-se dessa realidade não é tarefa fácil, muito pelo contrário. Acredito eu, que não haja nada mais complexo do que admitir sua própria solidão. Encarar o fato de que as pegadas que trilharão a jornada de sua vida serão apenas as duas que você possui, é angustiante, dolorido e altamente conflitante. Porém, paranóicos, hoje me ponho a pensar: não seria exatamente a interiorização dessas verdades, que nos fariam mais fortes? Que nos poupariam lágrimas, dores e sofrimento? Pois, vejam bem, quando não se espera muito, não se perde muito. Afinal, quando a expectativa é baixa, a decepção também não toma proporções que parecem te engolir viva.


Sentir-se só, estar, de fato, nessa condição, é pior do que estar sozinho. É um vazio que parece não acabar mais, uma escuridão que ao mesmo tempo que mostra-se densa, tensa e pegajosa na pele, você não toca, apenas sente, vive. Olho pela janela, observando esse vai e vem, essa correria desenfreada, essa desordem maluca de São Paulo, e sinto pulsando na pele a dor da solidão, na ponta da língua o amargo do abandono, o "estou indo embora" revirando meu estômago, me pressionando pra baixo, com força, com vontade. Eu não quero estar lá novamente, não tem muito tempo que sai desse poço, e sinceramente não desejo voltar para lá.

Me sinto anestesiada em alguns momentos. Por vezes esse tédio todo me consome, me tira o sono, a inspiração, a vontade. As dores me cansam, sejam elas físicas ou emocionais. Esse ócio todo, por mais contraditório que seja, me esgota. A imobilidade, a inércia que minha vida foi abruptamente submetida, pesa, grita, me suga. Não é tarefa fácil passar por isso sozinha, sem mão nenhuma pra segurar, sem voz nenhuma pra ouvir, abraço pra sentir, cafuné pra receber. Encarar tudo isso no espelho pela manhã anda doendo, sangrando, e machucando mais do que eu gostaria, se eu não puder dizer mais do que eu já posso suportar.

Acredito paranóico, que resumidamente, estar só, seja mesmo como disse Caio Fernando Abreu: "Esta coisa terrível de não ter ninguém para ouvir o meu grito. Esta coisa terrível de estar nesta ilha desde não sei quando. No começo eu esperava, que viesse alguém, um dia. Um avião, um navio, uma nave espacial. Não veio nada, não veio ninguém"

terça-feira, 26 de julho de 2011

... I'll Go Back to Black …



Quatorze de setembro de mil novecentos e oitenta e três; data exata em que nascia uma nova estrela para o mundo. Uma estrela não como qualquer outra existente por ai, mas com um brilho imensamente peculiar, próprio, pessoal. Cantora e compositora brilhantemente brilhante, entrou para o ramo musical em dois mil e três, e com Ela, trouxe filosofias, convicções, revolução, lamentações, concepções, pensamentos, e muita, muita, muita personalidade. Sem medo de cantar e expor seus fracassos, erros e glórias pessoais, Amy Winehouse conquistou não só multidões ou legiões de fãs, mas também seguidores fiéis a suas filosofias e a sua paixão. Arrebatou dentre milhares e milhões de pessoas, não apenas o gosto por seu trabalho, ou a identificação com suas verdades cantadas, mas o coração e a alma de alguns, assim como os dessa pessoa que vos escreve.

Amy não foi e nunca terá sido apenas mais um rostinho bonito e uma voz afinada na televisão. Digam o que quiser, critique o quanto lhes for confortável fazê-lo, joguem pedras, apontem dedos, tripudiem em cima do seu corpo conforme for conveniente a cada um dos abutres (né, Pitty?!) hipócritas que me leem ai do outro lado da telinha. Acusem, rotulem, recriminem. É o que muitos imbecis esvaziados de conteúdo sabem fazer de melhor, não é?! Afinal de contas, temos que dançar a louca ciranda imposta por essa sociedade moralmente imoral em que vivemos; seguir suas regras, modelos e padrões de conduta verdadeiramente mentirosos e hipócritas, para que assim, no fim da estrada possamos apontar dedos e deferir acusações contra quem não os segue, contra quem apenas vive, apenas é si mesmo, sem medo de se mostrar de verdade, sem medo de fazer o que lhe dá na telha de forma clara, nua e evidente a todos.

Coragem, sem dúvida é olhar nos olhos de outro, ou encarar-se frente ao espelho e dizer com todas as letras: “I told ya I was trouble, you know that I'm no good”. Coragem é ser apenas humano, e sim, errar. Muito. Afinal, é inerente a essa nossa raça cometer erros, equívocos, deslizes. Coragem é admitir esses erros, é viver com autenticidade, personalidade e autonomia. Muitos podem ler esse texto e encará-lo basicamente como uma apologia ao estilo de vida adotado por Amy, mas, prezados, não estou aqui para apoiar, tampouco condenar o estilo Winehouse de ser. Estou aqui colocando a disposição minha escrita a fim de despedir-me de um dos maiores ícones da nova geração musical de forma minimamente decente, de forma respeitosa, zelosa e digna dessa mulher que conquistou sim a minha admiração.


Em sua despedida feita pela mídia, as únicas frases que podemos ouvir são de conformismo, são de que Amy procurava por esse fim há muitos anos, e que na verdade essa realidade tardou a bater em sua porta. Muito se fala de suas bebedeiras, de seus “escândalos” públicos, suas internações, e a reabilitação que segundo muitos foi total e completamente fracassada. Ouvimos sobre a “maldição dos vinte e sete anos”, sobre destino traçado a derrota, e até mesmo opiniões de alguns com comentários do tipo: “Ué, mas, o que você esperava que fosse acontecer com a Amy? Que ela fosse encontrar Jesus um belo dia e virar freira? Claro que não, foi para o inferno, porque lá, afinal de contas é open bar”. É, paranoicos, como diria minha querida Pitty, abutres não faltam para tripudiar sob o corpo dela agora, afinal, rótulos, de fato, nunca lhe faltaram em vida e sem dúvida nenhuma, não seria em sua morte que lhe poupariam deles.

Sua vida foi intensa, sim, muito intensa. Ela errou? Não sou juíza para julgar ou estabelecer padrões de bom ou ruim, certo ou errado. Porém, gostaria muito que não tivesse trilhado alguns caminhos, adentrado em algumas matas escuras demais, e que ainda estivesse aqui, entre nós. Infelizmente, nem tudo o que queremos pode ser de fato realizado, e não julgo um milímetro de suas atitudes, fugas ou esquivas pessoais, pois, diferentemente de alguns, Amy sempre bancou sua própria maneira de viver, sempre se assumiu e mostrou-se como verdadeiramente era; sem esconder-se por trás de qualquer mentira montada para impressionar a mídia, ou para que fosse poupada de todas as duras críticas e palhaçadas pela qual foi submetida pela implacável perseguição do famoso The Sun, entre outros.

Independente de qualquer coisa, com certeza Amy, no fatídico dia vinte e três de julho de dois mil e onze, que ainda desperta tristeza, aquele aperto no peito e faz brotar lágrimas não apenas dos meus, mas dos olhos de muitas pessoas espalhadas pelo mundo “we only said goodbye with words” pois, jamais poderíamos cometer o sacrilégio de esquecer quem você foi por aqui, as verdades que jogou no ventilador, a autenticidade com que viveu sua história e a intensidade com que a expôs para o mundo, sem medo, receio, ou importância para o que diriam ou pensariam. Obrigada por ter sido essa pessoa maravilhosa que passou por aqui, e nos deixou um pouco do seu brilho, independente da dor que sua partida nos causa, a deliciosa e saudosa sensação de poder ter feito parte do mundo na mesma época que você, partilhado de seu sucesso e sua música, sem dúvida nenhuma é o maior consolo que você mesma poderia nos ter deixado.

Acredito que a pequena modificação na letra não lhe afetaria, e com certeza, expressa bem a sensação que nós, fãs que ainda sentiremos o gosto amargo de sua partida por muito tempo, carregamos no peito nesse momento: “She walks away, the sun goes down, she takes the day but I'm grown, and in your way, my deep shade, my tears dry on their own”.


We only said goodbye with words ... I'll Go Back to Black

terça-feira, 19 de julho de 2011

Falsidade Desmedida...



Palavras, promessas, juras, verdades, mentiras... Palavras doces e romanticas sussurradas ao pé do ouvido, sentimentos prometidos entre os lençóis, juras de amor e lealdade feitas a moda antiga, olho no olho. Tudo tão intimo, tão pessoal... Sincero? Verdadeiro? Teatral? Mentiroso? Será que há, de fato, como saber o que é falso e o que é real no nosso mundo subjetivo? O que é ilusão e o que é concreto? Dizem por aí que quando amamos, que quando estamos apaixonados, ficamos cegos para as mais nuas e cruas verdades expostas a nossa frente. Sem querer ser bíblica - pois, os que me conhecem sabem o quanto contrario as escrituras ditas sagradas - o amor, afinal, não é aquele que tudo espera, que tudo suporta, tudo tolera, e principalmente que tudo crê? Ora, logo, talvez não haja, de fato, cegueira nenhuma aos apaixonados, amados e amantes. Talvez, o que exista seja uma crença inabalável na capacidade e no potencial milagroso que vendem dessa poção mágica na qual o amor acabou por ser transformado através das telenovelas globais, e das grandes produçōes cinematográficas de Hollywood.

Chega a ser incrível o fato de que por mais que seja óbvio o quanto algumas pessoas não são boas para nós, invariavelmente esperamos estar enganados, e sempre que essa pessoa faz algo que mostre que ela não é boa, ignoramos. E sempre que faz algo minimamente bom, ela te reconquista, fazendo com que nos enganemos achando que ela é a pessoa certa para nós. Parece existir uma fé incostestável na capacidade do outro de mudar, de se transformar, que nos faz ignorar completamente os fatos, o real, o concreto e tudo o que vemos de errado naquela pessoa. Que faz, por vezes, até mesmo que nos culpemos pelos erros e falhas alheias, responsabilizando-nos pela falta de aplicação, dedicação e doação pessoal de outrem, a fim de fazer com que um relacionamento funcione, de certo. Quantas e quantas vezes, caros paranóicos, nós não nos auto anulamos, ignoramos e atropelamos nossos sentimentos em prol das vontades, desejos, preferências e caprichos das pessoas que amamos? Amigos, família, filhos, maridos, esposas... Quantas vezes o sacrifício valeu a pena? Quantas vezes um sorriso, um beijo, ou um abraço, tornaram doce o gosto do azedo proporcionado no momento em que nosso orgulho descia pela garganta? Enquanto queimava no estômago? Sem dúvida paranóico, inúmeras vezes. Porém, hoje me ponho a pensar... Sera que mesmo tudo isso, é capaz de perdoar e superar a dor da traição? Será isso tudo, capaz de suportar o sangue quente escorrendo lenta e dolorosamente após sermos apunhalados tão bruscamente pelas costas? 

 

Bom, como tudo na vida, o amor, carinho, afeto e a ternura, também podem sofrer mudanças e transformaçōes. Passam a ser reconhecidos como ódio por sua intensidade afetiva, raiva por sentir-se sangrar em virtude de sua própria culpa, sua própria cegueira diante dos fatos; nojo por sentir que partilhou, mesmo sem saber, de tanta sujeira, de tanto lixo, por saber que apertou muitas vezes a mão daquele rapaz, que abraçou e se lamentou tanto com aquela garota, aquela, justamente aquela com a qual o que você pensava que era seu, se foi. Sentir-se um completo estúpido por ter acreditado, escutado, compreendido, relevado, esperado, se doado, amado, lutado, defendido, sofrido e tantas outras coisas por aquela pessoa, aquela, que você pensou que fosse sua e de mais ninguém, aquela, que você pensou que fosse para sempre. Pois é, estimado paranóico, como diria a ilustre Cassia Eller, "o para sempre, sempre acaba", de fato!

De amor, sabemos que ninguém morre, mas e todos aqueles planos, sonhos, todo aquele fururo projetado? Isso sim falece, padece, morre. E é exatamente essa nossa dor, nosso luto. Mas e aí?! E ai, você sangra mais um pouco, chora mais um pouco, deprimi mais um pouco, intensifica os xingamentos em frente ao espelho, rasga as fotos, joga fora os presentes, atravessa a rua para a calçada oposta e mesmo assim sente seu estômago embrulhar de nojo quando acidentalmente encontra essa pessoa, perde a fome, o sono, a vontade, o tesão... Sente que esta ruindo, desmoronando, e que o único destino que lhe cabe é o fundo, o fundo do poço, o pé na lama, no lodo... Até que um dia, você acorda, e como se despertasse de um pesadelo, passa a reconstituir e reconstruir sua realidade. Percebe o quanto seu julgamento de valores estava invertido, falho, errado; percebe seu próprio valor, passa a não se reconhecer mais como a escória da humanidade, e se da conta de uma questão extremamente essencial: na verdade, não foi você o enganado, não é você o agente causador de todo o lixo pelo qual passou, não é você o culpado, o responsável!

Nesse momento, você passa a olhar no espelho e ver o que e quem você é de verdade, quanto você de fato vale, e passa a ter a dimensão de quão injusto foi consigo mesmo quando proferiu todas as auto-acusações e os auto-xingamentos em frente a esse mesmo espelho, a essa mesma face, a essa mesma pessoa. Sente que todo aquele ódio se foi, tanto por aquela pessoa, quanto por aquele passado e por aquela história como um todo. O luto se vai, a dor cessa, a ferida para de sangrar e você passa a se reencontrar, se redescobrir. E agora, apesar dos machucados e do período de latência e inercia ao qual sua vida foi abruptamente submetida, ou pior, no período em que ela lhe escorria por entre os dedos e naufragava no mar da auto-destruição, você sente-se mais forte, mais preparado, sábio, perceptivo, vacinado! Sente sua auto-estima e amor próprio voltando, a passos lentos, mas, já a caminho de si, de sua consciência.

Nesse momento, as vezes andamos só e trocamos alguns passos com a solidão, mas, no fim de tudo, você pode ver que na verdade, como diria Renato Russo, conseguiu seu equilíbrio, cortejando a tênue linha que nos separa da insanidade, enquanto todo aquele caos seguia, e sempre seguirá em frente com toda a calma do mundo.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Desilusões ...




Afinal, o que será que é a vida? Será que possui, de fato, uma definição palpável, narrável, tangível? Porventura há nela a possibilidade de mensuração? Será que vivemos tão somente com, por ou para a razão, o amor, o ódio? Ou a pergunta mais cabível aqui seria aquela, já antiga, feita pelo sambista: “ela é maravilha ou é sofrimento, ela é alegria ou lamento?”. Ou ainda, será que na verdade, o que de fato interessa-nos, seria não o que ela é, mas como perguntaria e como realmente perguntou-se durante toda a sua vida e obra o célebre Winnicott: “afinal, de que se trata a vida?”.

Pois bem, seria então a vida, por acaso, um grande conjunto de sonhos, ilusões, expectativas, decepções, frustrações e desilusões? Ora, quantas e quantas vezes já não ouvimos as frases: “Cai na real”, “Acorda para a realidade”, ou melhor, “Acorda para a vida!”? Seriam desta forma, nossos devaneios na verdade momentos de concreta irrealidade, loucura, de “não vida”, ou apenas sonhos que serviriam de combustível e alavanca motriz para a busca de determinado objetivo, sonho, e da tão almejada realização pessoal?

Hoje, após alguns acontecimentos em minha vida, me pego pensando nestas questões. Indagando-me algumas coisas, confrontando algumas verdades, encarando e perscrutando minha própria alma em frente ao espelho pela manhã. Em meio a esse processo ainda não alcancei brilhantes soluções, conclusões, tampouco explicações para grande parte – se não para todas – das questões as quais hoje me proponho a filosofar aqui com vocês, caros paranóicos.

Pois bem, acredito que a vida seja na verdade, uma imensa, incansável e irreparável busca por si mesmo. A busca pela essência de nosso eu, e pelo eu que há em nossa essência. Essência essa que por vezes é abafada, escondida e enterrada no porão da obscuridade que compõe nosso inconsciente, que por vezes perde-se em meio a loucura e complexidade que é nosso dinamismo psíquico, nossa verdade enterrada, nossos desejos primitivos lutando contra a repressão Superegóica que nos obriga a adequação comportamental contínua e constante, exigida pela sociedade, pela religião, costumes, tradições, culturas, família, e etc.

Nessa jornada em busca do resgate, ou até mesmo do próprio conhecimento de nosso eu, vivenciamos problemas, desencontros, desafetos, decepções e a desconstrução de muitos sonhos, mitos e fantasias; enfim, desilusões. Esses tropeços, dificuldades problemas e empecilhos no caminho, nos deixam marcas, memórias e traumas, nos implantando assim uma irreparável e incompreendida saudade de coisas que nem sequer sabemos ou conhecemos, e tampouco vivemos!

Esse caminho a ser percorrido, essa busca, a meta a ser alcançada e essa saudade desconhecida, trazem a esta já árdua e áspera jornada rumo ao conhecimento do interior de si mesmo, características muito peculiares a ela, sendo estas, representadas por principalmente duas palavras que assustam a maioria de nós: “dor e sofrimento”. É justamente em meio a esta busca pelo conhecimento e libertação de nós mesmos que nos perdemos e nos prendemos cada vez mais em nossa alma. Nossas auto defesas, nossos anseios, os medos, as angústias, as “caras feias” e os “sorrisos largos”, todos ali, nus, expostos, e exatamente para aquele que nunca deveria encará-los e muito menos desafiá-los; sim, paranóico, esse alguém somos nós mesmos. Somos feitos para escondermos-nos de nossa própria verdade, ensinados que mentir é feio e o papai do céu não gosta, enquanto passamos à vida camuflando as situações pela quais vivemos, omitindo de nós mesmos nossos sentimentos, nosso verdadeiro “eu”, nossas filosofias por vezes arraigadas em nós por uma herança familiar que perpetua por gerações e gerações a fio, tendo todos a herança de honrar suas crenças, supostas verdades e verdadeiras mentiras.

O momento de olhar-se no espelho, e ver seu próprio eu refletido em sua face, é um dos, se não o maior conflito que podemos ter com nós mesmos, com nossos pais, com nossa cultura, com nossa criação, com nossos temores, nossas mágoas que escondem profundas decepções, desilusões, frustrações. As palavras não ditas, o desabafo não feito, o xingamento guardado, a discussão “engolida”, o grito entalado na garganta, a negação, a afirmação, o sim, o não, a dúvida, a certeza. Contraditório demais, prezado Paranóico? Não, contraditório não, ambíguo sim, porém, é justamente essa capacidade de amar e odiar ao mesmo tempo, de querer e desprezar, de ter e abrir mão simultaneamente que nos diferencia dos outros animais. Nossa ambição, a benção que nos foi dada geneticamente a fim de nos livrar de uma mesmice intitulada de “ciclo da vida”, “nascer – crescer – reproduzir e morrer”, enfim, de toda essa pré-destinação de histórias de vida, desses fatalismos criados pelo homem moderno a fim de manipular um sistema social ridículo, para não dizer podre e fétido controlado por uma “entidade fantasma” que chamamos ainda de sociedade.

Muitos podem dizer que viver de ilusões é ruim, outros que a desilusão é algo que nos corroe, mata e aniquila em um processo que inicia-se de dentro para fora. Mas, será que se não nos iludirmos um pouquinho só, se não sonharmos um pouquinho só, conseguiríamos almejar sucesso profissional, pessoal, amoroso, dentre tantas outras coisas e situações? E se as malditas e dolorosas desilusões não existissem, será que teríamos mecanismos para poder aprender a como não cair mais? Será que conseguiríamos suportar as dificuldades impostas pela dureza da vida real? Logo, em suma, caros paranóicos, acredito que somos e compartilhamos uma série de Ilusões sonhadas e desilusões vividas.







sábado, 23 de outubro de 2010

Circo Brasil Apresenta: Presidenciáveis 2010...



Mais uma vez, é época de eleição. Isso mesmo Paranóico, aquela época em que todo político beija o seu filhinho na rua, aperta a sua mão no boteco da esquina, come um pastelzinho na feira e toma aquele cafézinho com leite na padoca do seu bairro. Enfim, época de assistirmos essas e outras inúmeras palhaçadas absolutamente típicas desse tipo de gente, nesse período do ano eleitoral. O fato mais engraçado, ou talvez, se formos pensar em falar com mais sinceridade, o fato mais ofensivo disso tudo é que todos eles, sem nenhuma exceção, acreditam que nós, pobres e reles eleitores tenhamos por verdade que pelo fato de beijar a testa do seu filho, apertar sua mão e sorrir para todos na feira enquanto suja o colarinho com o óleo do pastel de queijo, eles mostrem-se como “pessoas do povo”, pessoas que governarão para o povo, com o povo, pelo povo, e etc. Ofensivamente, agem como se com isso, ínfimas e inúteis atitudes, eles assumissem, de fato, a responsabilidade de se governar com integridade, ética, compromisso, lealdade, devoção, dedicação, determinação, obstinação e amor à pátria.

Sofremos hoje em nossa sociedade, de um mal chamado “ignorância política”. Infelizmente esse vírus vem se propagando, se disseminando e incubando-se a cada dia mais e com mais e mais força através do passar dos anos, dos governos, e dos escândalos. A ignorância política do Brasileiro cresce exatamente na mesma proporção do que a produção de sua curta memória. A mídia, devido a suas novelas e interesses jornalísticos diferenciados, não possui hoje a intenção de cumprir com o seu papel de informar o eleitor, tampouco de fazer a massa populacional lembrar-se de malas pretas em corredores escuros, cuecas abarrotadas de dinheiro, mensalões, mensalinhos, ambulâncias; nem mesmo os mais recentes como as quebras de sigilo fiscal de civis, ou até mesmo os escândalos da Casa Civil que ocorrem desde 2003.

Tirando a baboseira das campanhas de lado, a pouca democratização e descarada falta de comprometimento da mídia jornalista e investigativa de nossos tempos atuais, encontro-me particularmente um tanto quanto intrigada quanto a em quem depositar a confiança de quatro anos de governo da minha pátria, nesse próximo dia 31/10. De um lado da tribuna, temos a iminente ameaça de comunismo; do outro, um tucano que não é lá nenhuma maravilha, e que foi vítima de atitudes ilícitas do atual governo em conchavo com a receita federal, em um dos escândalos talvez mais absurdos que já ouvi falar nesse país desde a falsa destituição da ditadura e do militarismo do poderio da nação. Exagero? Acredito que não! Quebra de sigilo de civis não apenas ilegal, é simples e puramente inconstitucional, e logo com ele, José Serra, que pode ter muitos defeitos, falhas, deméritos e falhas, mas que sempre foi, e é sem dúvida um proclamador da democracia e que nessa eleição, especificamente, paga o preço por não ter optado pelo mais fácil, ou seja, por não ter optado pela covardia de se esconder as e nas sombras de ex-presidentes da república.

Agora, falando em esconder-se e toda a sujeirada mais que é corriqueira da nojenta política de nosso país, afinal, quem é essa tal de Dilma Roussef? Alguém ou algum de nós saberia dizer ao certo, sem nenhum medo de errar, quem é essa candidata? Alguém saberia especificar suas origens? Saberia explicar o motivo de ter sua biografia trancada em um cofre? Ora, caros paranóicos, afinal de contas, de onde ela veio, de quem é filha, a quais cargos já se elegeu em sua trajetória política, quantas vezes, qual seus índices de aproveitamento, bem como de aprovação e aceitação pública e política? Aliás, uma das questões mais interessantes, e que foi, apenas para variar, total e completamente “esquecida” nessas eleições, é justamente em relação às origens dos candidatos, ao seu passado político, a sua trajetória, carreira, formação acadêmica. Opa, claro, na verdade isso se dá, pois não é necessário explorarmos assim os candidatos para essa eleição, afinal de contas quem é que não conhece Fernando Henrique Cardoso e Lula, não é verdade? Uma vez que o embate parece cercasse entre um ex-presidente calado, que nem ao menos na mídia apareceu a fim de defender-se ou até mesmo chamar seu oponente direto na eleição que não disputa para um debate político, e um outro candidato, futuro ex-presidente (chique, não?!) que mesmo depois de não ter conseguido mexer os pauzinhos em tempo hábil para possibilitar a mudança na constituição que lhe garantisse a possibilidade de reeleição, insiste em vender-se como candidato nesta, afinal, alguém que concorda com o slogan “Para o Brasil seguir mudando, vote Dilma, Dilma é Lula de novo” dispensa maiores comentários sobre suas reais e ludibriantes intenções. 

Sabe Paranóico, sinto como se estivéssemos aprisionados em um mal não contemporâneo, mas sim, há muito tempo instalado nos povos latinos. Há uma completa ausência de passado em nossa história recente, uma imensa lacuna entre o ontem e o hoje, o agora e o que se passou. Sinto como se a desesperança política tivesse dominado a todos os Brasileiros, que hoje, assistem em silêncio a toda essa podridão e nojeira que é jogada em nossas faces coradas e suadas, fruto de todo o trabalho pesado das massas populacionais de nossa sociedade. É como se estivéssemos sim, aprisionados como um todo ao fenômeno do fatalismo latino. Como se a idéia de que nosso futuro político, social, econômico, educacional, está previamente traçado e que nada podemos fazer frente a isso, para isso e menos ainda com isso, passando a plena certeza de que qualquer tipo de esforço é em vão, qualquer tipo de manifestação inválida, boba e cheia de descrédito.

É, de fato, creio que motivos nãos nos restariam para lamentar, desacreditar, desiludir, e definitivamente “largar de mão” de uma vez por todas. Porém, também acredito que vale a pena lutar, querer mais, exigir nos direitos, e talvez um poema que expresse exatamente como me sinto e em gênero, número e grau nossa realidade, seja esse que coloco abaixo, para a vossa apreciação, caro paranóico:

“Só de Sacanagem”
Composição: Elisa Lucinda

Meu coração está aos pulos!
Quantas vezes minha esperança será posta a prova?
Por quantas provas terá ela que passar?
Tudo isso que está aí no ar: malas, cuecas que voam entupidas de dinheiro, do meu dinheiro, do nosso dinheiro, que reservamos duramente pra educar os meninos mais pobres que nós, para cuidar gratuitamente da saúde deles e dos seus pais.

Esse dinheiro viaja na bagagem da impunidade e eu não posso mais.
Quantas vezes, meu amigo, meu rapaz, minha confiança vai ser posta à prova?
Quantas vezes minha esperança vai esperar no cais?
É certo que tempos difíceis existem pra aperfeiçoar o aprendiz, mas não é certo que a mentira dos maus brasileiros venha quebrar no nosso nariz.

Meu coração está no escuro.

A luz é simples, regada ao conselho simples de meu pai, minha mãe, minha avó e os justos que os precederam:
"- Não roubarás!"
"- Devolva o lápis do coleguinha!"
"- Esse apontador não é seu, minha filha!"
Ao invés disso, tanta coisa nojenta e torpe tenho tido que escutar. Até habeas-corpus preventivo, coisa da qual nunca tinha visto falar, e sobre o qual minha pobre lógica ainda insiste: esse é o tipo de benefício que só ao culpado interessará.

Pois bem, se mexeram comigo, com a velha e fiel fé do meu povo sofrido, então agora eu vou sacanear: mais honesta ainda eu vou ficar. Só de sacanagem!

Dirão:
“- Deixa de ser boba, desde Cabral que aqui todo o mundo rouba.”

E eu vou dizer:
“- Não importa! Será esse o meu carnaval. Vou confiar mais e outra vez. Eu, meu irmão, meu filho e meus amigos. Vamos pagar limpo a quem a gente deve e receber limpo do nosso freguês. Com o tempo a gente consegue ser livre, ético e o escambau.”

Dirão:
"- É inútil, todo o mundo aqui é corrupto, desde o primeiro homem que veio de Portugal”.

E eu direi:
“- Não admito! Minha esperança é imortal!” - E eu repito, ouviram? IMORTAL!!!

Sei que não dá para mudar o começo, mas, se a gente quiser, vai dar para mudar o final. 

terça-feira, 20 de julho de 2010

Solidão...




Bem, na verdade, a solidão é uma condição inerente ao homem, faz parte da vida. O detalhe é que em certos momentos, a percebemos mais agudamente e não sabemos como lidar com ela. A solidão parece estar longe quando mantemos um relacionamento muito estreito, muito íntimo, com alguém que amamos, com quem temos bastante afinidade e pontos de contato. Ou até mesmo durante uma relação sexual, em que dois são um e sentimos que é possível, de fato, uma união total entre as duas pessoas envolvidas. Mas, cedo ou tarde, chega a hora de encarar a conclusão inevitável: cada um é um. Muitas vezes nos percebemos como parte de um todo – de uma família, de um grupo de amigos, de uma comunidade. Mas chegará o ponto em que tomaremos consciência de que a realização pessoal depende de nossas próprias possibilidades. Em suma, por mais que se viva junto de quem se ama, por mais que se interaja socialmente, não será possível evitar, lá no fundo, a certeza de se ser só.

Com o outro ou em grupo, procuramos suprir as carências e a necessidade de nos sentirmos amados, desejados. Mas por estarmos com o outro ou com outros não deixamos de ser fundamentalmente sós e únicos. Em determinados momentos, acabamos por nos perguntar como a solidão nos apanhou, e porque ela dói ou machuca tanto, porém, na verdade o que acontece é que, nessas circunstâncias, entramos em confronto com algo que sempre esteve presente, apesar de escondido; a solidão. Ela sempre esteve ali. O curioso é que as pessoas que se queixam de viver muito sós falam como se fosse um problema pessoal, e não uma característica de todos nós.

Quem é que não sentiu essa espécie de vazio alguma vez, sozinho em casa? A televisão não distrai, a música, em vez de consolar, lembra situações em que havia pessoas queridas por perto, torna-se impossível concentrar-se na leitura de um livro. Mas, para alguns, basta telefonar para alguém e falar uns minutos para que mude esse panorama sombrio. Para outros, as tentativas de livrar-se da solidão ocorre de forma mais incisiva, agressiva, e até mesmo questionável ou a qualquer custo. Obviamente, nem sempre essas tentativas de aliviar a solidão são bem sucedidas, podendo assim, causar certos efeitos que não possuem muitos remédios fabricados ou receitas eficientes para com seus sintomas. A tão famosa e consideravelmente temida, ressaca moral.


Hoje, vemos uma grande inversão de valores em nossa sociedade, muitas pessoas dispostas a procurar companhia encontram alguém num bar, saem, conversam e vão fazer amor. E depois? E a tal “ressaca moral” que isso deixa? Provavelmente, nesses casos, se houver alguma lucidez ainda em nosso novo sistema de pensamento, e nessa busca desenfreada para livrar-se da solidão de ser só “eu mesmo” em frente ao espelho, perceberemos que, para suprir uma carência, passamos a procurar pessoas e circunstâncias que não possuem nenhuma ligação ou identificação conosco mesmo. Logo, o resultado de tamanha incoerência, só poderia ser uma carência ainda mais sentida, a sensação de solidão crescendo e o vazio à nossa volta ficando maior. Podemos nos justifica, é claro, argumentando que só queremos mesmo prazer e a satisfação da excitação física. Mas, se fosse só pelo prazer físico, havemos de concordar paranóicos que “o outro” seria plenamente dispensável, uma vez que a própria masturbação bastaria. Portanto é mais correto pensar que procuramos alguém para nos sentir, nem que seja por alguns breves momentos, importantes ou significantes para alguém.

As várias saídas de si mesmo nos mostram que não somos apenas um ser com sofrimentos, mas também com significado. É o sentido da própria existência que se procura quando se quer chegar a uma realização cada vez maior, quando se quer crescer afetivamente e emocionalmente, contrapondo esses ganhos aos sofrimentos que a vida traz. E nessa busca não há receitas nem modelos bons para todos. Até porque a saída muda em cada fase da vida.

É exatamente isso que esse sofrimento inerente ao ser humano tem de positivo. Ele é a mola que nos impulsiona no rumo de outras possibilidades e realizações, ou da construção de novas saídas e alternativas que gerem transformações, não só pessoais, como no mundo.

Acredito que pelo menos em parte, o fato de o número de pessoas que queixam-se da solidão ter crescido tanto, deve-se ao empobrecimento pelo qual passam as relações interpessoais, talvez pelas condições da própria vida moderna, que aglomera indivíduos sem a menor afinidade entre si. Ao mesmo tempo, o crescimento da tecnologia não trabalha exatamente a favor de relações. Nas cidades do interior, toda a gente ainda se conhece. Nas grandes cidades, quem mora num prédio não sabe quem são os vizinhos de porta; cada um conserva-se insensível às alegrias e ao sofrimento do outro. Cada um se fecha em seu próprio sofrimento e ali fica. Com isso, tendemos a criar nossos famosos melodramas alimentando essa sensação de que todos a nossa volta estão sempre ótimos, só nós mesmos é que sofremos, quase como se fossemos mártires de todos os pecados do mundo, e apenas e tão somente por isso sejamos merecedores e “tão imenso” e insuportável sofrimento particular.

Enfim, prezados paranóicos, em nossa vida, há, sem dúvida, muitos períodos críticos, de perdas tanto reais quanto aparentes, de tempestades em copo d’água e de verdadeiros furacões. Momentos em que sem dúvida, as perspectivas da condição humana se perdem e o sofrimento vence. Logo, entrar em contato com esse material sofrével e expor-se a solidão não é fácil, mas, somos seres inteligentemente criados com grande capacidade de adaptação e, sendo assim, após compreendê-la, e constatar que na verdade cada um de nós que compõe um todo é apenas único, com sua própria história, percurso, biografia, e uma maneira pessoal de procurar sentido para a sua própria vida, também se percebe estar exatamente nesse fato, á grandeza e a beleza da condição humana.